sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O Punho de André Vargas (...ou: O Direito de Ser o Que se É)

Saudação Black Power nos Jogos Olímpicos de 1968
Zapeando os principais portais de notícia na última semana, diariamente fui apresentado a versões contrárias dos mais diversos colunistas e jornalistas, à manifestação de solidariedade do deputado federal do PT, André Vargas, quando de punho cerrado, mostrou solidariedade aos seus companheiros partidários - José Dirceu e José Genoíno - que recentemente foram encarcerados, condenados pela Ação Penal 470. Mas, porque tando alarde?


Black Power na Olimpíada: A Condenação do Ato Ideológico

Nos Jogos Olímpicos de 1968 - no México - os atletas corredores afroamericanos Tommie Smith e John Carlos, ergueram os punhos cerrados com luvas negras em referência de apoio ao movimento pró direitos negros "Black Power". À época, o então presidente do COI - Comitê Olímpico Internacional - Avery Brundage, considerou que o ato era uma declaração política imprópria a o suposto fórum apolítico, que era (é), as Olimpíadas. Assim, usando de sua autoridade, pressionou o Comitê Olímpico Americano a expulsar os dois atletas, obtendo êxito.

Oficialmente, o COI posicionou-se esclarecendo que esta havia sido "uma violação deliberada e violenta dos princípios fundamentais do espírito olímpico". Mas quando Brundage foi questionado sobre o motivo de não ter feito nenhuma objeção à saudação nazista nos Jogos Olímpicos de 1936, a resposta foi: que esta, era uma saudação nacional, e portanto admissível; já a saudação Black Power não era nacional, então, inaceitável.

Ou seja... os direitos humanos não são (não eram?), de interesse do Comitê Olímpico Internacional?

O Direito de Ser o Que se É

André Vargas e o seu punho
Com a analogia olímpica acima, não quero aqui restabelecer  à minha própria ótica, um julgamento aos militantes condenados do Partido dos Trabalhadores, ou alçá-los compulsoriamente à condição de heróis - não me cabe professar como um oráculo da história antes que ela aconteça

Me espanta entretanto, que isso ganhe mais repercussão que as declarações homofóbicas do deputado Jair Bolsonaro - essas sim, fascistas - quando em recente entrevista ao ator inglês Stephen Fry, afirmou: nenhum pai tem orgulho de ter um filho gay - atribuindo as agressões a homossexuais no Brasil, ao uso de drogas e à prostituição - e completando: não há razão para clamor, não existe homofobia no Brasil - nos entregando como clímax de sua retórica conservadora, uma tétrica gargalhada. Assim como a saudação nazista nos Jogos Olímpicos, isto não incomoda a grande imprensa porque Bolsonaro representa um sentimento nacional?

Falei do deputado homofóbico, mas, poderia citar também a senadora Kátia Abreu, que diuturnamente promove um achaque à causa indígena com a omissão e leniência da maioria esmagadora da mídia "oficial" brasileira. Desrespeitar índio pode, mas o Joaquim Barbosa não pode ser constrangido? É isso?

Por fim, quero reafirmar a minha simpatia pelo direito de cada ser humano poder abertamente assumir-se ideologicamente de forma pública, sobretudo quando não se avilta os direitos humanos, e nisso, me sinto sintonizado com Voltaire, quando dizia: Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até o último instante seu direito de dizê-la.

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