quinta-feira, 27 de outubro de 2011

R&J: Shakespeare para a Geração MTV


Cena de Amor de R&J - Shakespeare

E é como uma comédia que começa a versão carioca da tragédia épica de Shakespeare Romeu e Julieta, que em tempos de arrobas (@s) e contrações de palavras como “vc”, foi rebatizada de R&J, e contando no elenco com apenas 04 homens interpretando todos os papéis. Sim, é o que você está pensando, Julieta foi encarnada por um ator.

Em R&J, quatro estudantes  de um colégio para homens resolvem no intervalo de suas aulas, brincar um pouco de interpretar textos teatrais, algo meio irmandade, mimetizando Sociedade dos Poetas Mortos, aliás, esta nem é a única referência cinematográfica, nem a única referência multimídia. Com muitas citações, recortes e colagens, a montagem de R&J ganha contornos de Pop Arte.

De alguma forma, é como se o diretor e dramaturgo responsável pela adaptação resolvessem retomar todas as citações feitas ao original de Romeu e Julieta, fazendo Shakespeare se reapropria do que lhe pegaram emprestado, e foram lá cobrar do cineasta Baz Luhrmann o que ele tinha colocado em Romeu+Julieta e Moulin Rouge (como trechos de músicas e cenas), e elementos de West Side Story (adaptação de Romeu e Julieta para a Nova York dos anos 60), como a canção Somewhere. E além disso as apresentações dos personagens que lembram as edições de Tarantino, e a música tema de amor é do U2.

Apesar de achar uma boa adaptação, mesmo que a maior parte do tempo estejam mais dentro da comédia, ou talvez por isso mesmo, fico me perguntando se não é demasiadamente diluído o texto de Shakespeare, como se fosse dirigido na medida para um público jovem habituado a linguagem do vídeo clipe em que tudo se resolve em 4' (quatro minutos) e que não tem mais paciência para 04:00 (quatro horas) de textos e incursões dramáticas dos atores e atrizes. Os intérpretes de fato são bons, não ha dúvida (sobretudo "o" Julieta), mas eu senti que a profundidade das interpretações não ultrapassam mais que os 30 metros, mesmo que sejam 30 metros de muita competência.

Bem... o público gostou, e eu aplaudi um bocado.

Blog Widget by LinkWithin

Um comentário:

  1. Na verdade, o texto de Shakespeare já tem um ritmo e um "tom" de comédia até um ponto crucial (a morte de Mercuccio), onde a peça se "transforma" numa tragédia. Concordo que os meninos se saem bem, principalmente "o" Julieta. Incrível.

    ResponderExcluir