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Os Vaiados: Paulistas, Carioca e Baianos do rock e do axé. O que todos tem em comum? Falam português. |
Eu particularmente não tenho nada contra a vaia.
Acho que quem se expõe de forma massiva e provoca os sentimentos e sensações alheias, tem que estar pronto para tudo, bônus e ônus, calorosos aplausos ou vaias retumbantes. A arte tem disso, apela ao limite mais radical de nossos instintos.
Um amigo meu uma vez disse que a vaia pode mitificar alguém, e me faz lembrar de uma história ocorrida na Semana de Arte Moderna de 1922, quando os amigos de Villa-Lobos o vaiaram depois do concerto, não porque não gostaram, mas para transformá-lo em mártir do Modernismo.
Dito isso...
É curioso observar num outro contexto a reação do público brasileiro para com os artistas brasileiros durante as diferentes edições no Rock in Rio.
Lembro de Lulu Santos no ano de 2000, dando uma entrevista a Jô Soares pouco antes da terceira edição do evento, dizendo que (com minha lincença poética): Deus me livre ir para o Rock in Rio - ele alegava entre outras razões, as vaias que ele recebeu no Rock in Rio II. Neste mesmo evento, ficou famosa a trepidante vaia recebida por Lobão. (segue abaixo vídeo em que Lobão fala sobre o assunto, e mostra imagens do ocorrido)
No Rock in Rio III, foi a vez de Carlinhos Brown ser vaiado e saudado por latinhas de refrigerante, porquê os fãs do Guns'n Roses e Oasis não o achavam digno de frequentar o mesmo palco??? Aliás, é bom lembrar que a atuação decadente Axl Rose neste show, foi tida como uma das maiores vergonhas alheias dos últimos tempos.
Na edição IV, que se encerra hoje, vairam Cláudia Leitte, que do ponto de vista técnico e do espetáculo, não se distanciava muito da apresentação desafinada de Katy Perry e da apresentação fria de Rihanna. Qual a justificativa, então? Não ser rock? Pode Rihanna e não Cláudia Leitte? Se não gostam dela, porquê compraram o ingresso do "Dia do Pop"? Se não gostam dela, porque não foram assistir o que estava rolando nos outros palcos?
Shakira fez uma versão tradicional de "sotaque" andino de "Nothing Else Matters", do Metallica, e não se ouviu um uivo. Qual a diferença entre essas incursões de Shakira, e Cláudia Leitte cantando Led Zeppelin em samba-reggae?
Mesmo no contexto rock, e fazendo ótimas performances foram vaiadas as bandas NX Zero e Glória. Qual a justificativa neste caso? Eles são populares demais? Então, porque Maaron 5 e Coldplay não receberam o mesmo tratamento? Ao contrário, foram ovacionados!!!
Percebo que esse comportamento rockeiro fundamentalista só tem se projetado contra os artistas brasileiros, e o pior, vindo dos próprios brasileiros. Não se pode dizer que os brasileiros são exatamente intolerantes, mas me parece implícita uma auto-xenofobia de inconsciente coletivo, um impulso latente de vaiar não se sabe por qual motivo um artista que distoa do que o senso comum define como "rock" ou "bom".
Para um país que quer sediar mais vezes este evento, ou outros eventos como este, cabe um pouco mais de tolerância e reconhecimento dos que sobem ao palco. Vaiar é problema? Não, não... mas digam, porquê vaiam? E porquê a regra só tem sido válida para os artistas brasileiros?
Como diria Lobão numa situação como essas, "vão todos..."
EU, sinceramente, acho que só gostaria de ver artistas internacionais num evento desse.
ResponderExcluirCara, pra mim, a Claudia e a Ivete podiam ficar pro carnaval e outros eventos nacionais, assim como Jota Quest, Frejat, até mesmo o Milton, Skank, whatever... Mas também tem os outros palquinhos, né? Bota eles lá.
Quanto ao Glória, NX Zero...... não, não vale meu tempo.
Há algum tempo que venho observando o discurso politicamente correto e tolerante de alguns artistas quanto à questão da diversidade em festivais, como é o caso do Rock in Rio. Por outro lado, observo também um grande engano conceitual nesse festival em questão quando chamam artistas nacionais e internacionais que não fazem Rock ‘n Roll... Vejamos, em outros festivais e festas como, por exemplo, o carnaval de Salvador, há uma grande hipocrisia quando se fala em democratização dessa festa, e o que há é um grande festival de discriminação contra aqueles (que também é público do axé) que não conseguem pagar para estar num camarote ou dentro de um circuito protegido por cordas. Aonde está a democracia nisso? Agora quando fazem uma festival no qual o conceito é "rock", então tem que ser tolernte e chamar a turma do axé, bem como aquelas cantoras internacionais de pop mela cueca. Paciência! Quanto a NX Zero e Glória, pelamordedeus aquilo nunca foi e nunca será rock. Pessoal, colocar usar guitarra elétrica e distorção em música não é sinônimo de rock. É preciso muito mais do que isso. Ser rockeiro é uma opção de vida (para músicos e não músicos), de atitude perante o mundo e isso é refletido naturalmente na música de um artista. Fala sério! Quanta bobagem é proferida, nesta porra, por um bando de “poison’s”!
ResponderExcluirCara, concordo em partes com Marcus, acho que o espirito do evento é rock, se vai mistificar muda de nome. Temos sons lá fora, tão bons quanto os daqui e não, não estou invertendo a ordem e por isso acho que não deveria haver nenhum tipo de exclusividade internacional. Existem limites pra tudo, mas se tem gente querendo misturar feijão com leite condensado... boa sorte.
ResponderExcluiracho q a "essência" deste post foi : rihanna, katy perry, shakira e outros q tocaram, não são rock, mas não foram vaiados. Os brasileiros q tocaram, q tb não são rock, FORAM vaiados...se a discussão é q "não é rock", pq esses outros artistas internacionais não foram vaiados ?
ResponderExcluirdizer, "ha, mas o evento é internacional"...bom...não. Não é "rock in Rio INTERNACIONAL"...então, não tem fundamento.
Bem... desculpe, mas você quis dizer que não tem fundamento o fato de eles serem vaiados; ou que o post não tem fundamento?
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