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Caco Ciocler: Definitivamente um ator maduro |
Que Caco Ciocler é um ator maduro para tocar um monólogo, depois de assistir a 45 minutos eu não tenho mais dúvidas, o que passei a me perguntar é se este é o texto certo para ele.
Vejam bem, não é que o texto seja ruim, está muito longe disso, há um bom uso de palavras (é bastante dicionarizado), é ideal para ressaltar as qualidades de um ator, já que há bastante nuances a serem exploradas, mas talvez o ritmo e a finalidade superdimensionada/indefinida é que tenham me pego de surpresa.
Haviam três cronômetros digitais suspensos à frente do palco, e logo no início, imaginei que o espetáculo estivesse realmente pautado no diálogo de tempo/entretenimento, mas não, apenas foram usados três únicas vezes, em momentos de pouca definição. Talvez se tivesse caminhado por aí, numa relação em que o ator estaria sujeito à aprovação da platéia para ver os 45 minutos passarem, fosse mais instigante, mas diferentemente do que fazia entrever a sinopse, não tinha nada a ver com isso.
A relação com a platéia também ficou um pouco indefinida, embora o ator solicitasse bastante uma sinergia com a as pessoas que estavam sentadas, não ficou claro em nenhum momento que o público pudesse fazer uma intervenção maior, ainda houveram algumas tentativas tímidas aqui e acolá de alguns mais ousados, mas que não foram incentivadas a prosseguir, então estava dado ao recado: é um monólogo, mas vocês só podem rir - e que fique claro que em nenhum momento o público veio abaixo, mas bem, não era uma comédia também.
Essa zona intermediária entre o que poderia ter sido, e o que realmente aconteceu no palco, foi a impressão que me ficou e que me fez sair mordendo pensativamente os lábios do teatro.
Barulhinhos Oficiais (Epílogo)
Não houvera celulares tocando desta vez, entretanto, um fotógrafo situado no meio da platéia, tentava buscar bons ângulos para registrar o espetáculo. Este esforço não passou desapercebido nem por mim, nem pelo Caco Ciocler, que chegou a fazer menção explícita de que estava incomodado com o barulho mecânico da câmera.
Não sei se porque sou muito auditivo, mas já havia mais que percebido o som dessas câmeras deslocado do áudio dos espetáculos. Curiosamente, em mais de um dos espetáculos que assisti no FIAC, o fotógrafo ou se prostrou ao meu lado, ou muito perto (será que eu sempre escolho os melhores lugares para sentar?)
O fato, é que o episódio de ontem me fez lembrar uma entrevista de Claudio Abbado dizendo que em sua regência, costumava valorizar bastante a pausa, porque para ele "o silêncio também é música". No caso, acho que sinto falta do silêncio absoluto como recurso dramático que em tempos de tecnologias estão cada vez mais raros, em 45 Minutos, este era um recurso previsto no texto.
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