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Performance: Lisboa - Fondazione Pontedera Teatro |
Estive hoje à tarde, assistindo uma performance da Fondazione Pontedera Teatro - que imagino que fazia alguma referência à capital portuguesa. Pelo menos, do que pude ouvir, algum dos intérpretes pronunciavam algumas palavras na língua lusitana. Desisti de tentar entender 10 minutos depois, porque me acoçou uma tremenda sensação de incômodo, enquanto refletia o meu lugar naquela praça do Campo Grande.
Tendo marcado com uma amiga, ao chegar no Campo Grande, dei-me conta de que havia mais gente do que eu tinha me programado para encontrar. Algumas chamadas de celular para achá-la.
A performance começou apenas com um pouco de atraso, após às 16:00 anunciadas, quando de repente, irromperam artistas sobre bicicletas com um figurino black tie (ou quase isso), cantando algumas canções tradicionais, de Lisboa, talvez.
Sendo uma performance de chão, formou-se uma aglomeração densa, tornando-se imenso obstáculo para meus 1,67m de altura. Catamos um local para ver melhor: em cima dos bancos... ups... quebramos uma madeira; mais pessoas tiveram a mesma ideia - descemos; resolvemos subir no monumento - víamos, mas não ouvíamos;
A performance era itinerante, convidou-nos a uma procissão:
- Por aqui... não, por alí; volta...; muita gente...; de longe... talvez eles passem por aqui;
[suspiro...]
Minha paciência se esgotou mesmo, quando vi as pessoas aplaudirem os performers soltando chapéus pendurados em balões com hélio. Me correu que com R$ 60,00, a gente consegue ver um chapéu flutuar melhor no Cirque du Soleil.
- Deixa... esse aí é para aparecer na mídia e fazer voto, para que as pessoas pensem que existe algum investimento... O espetáculo de verdade, vai ser lá dentro, pago (Categorizou, um dos que começavam a dispersar descontentes, sem que ninguém precisasse incitá-lo)
De repente comecei a censurar toda minha gratidão à Casa Grande, confrontando minha cordialidade com aquilo tudo:
- Peraê cara! Por quê tem que ser sempre assim com que não pode pagar pela cessão na Casa Grande? Sempre improvisado; pouca preocupação em se o público conseguirá de fato fruir o que está sendo pautado; números sempre em prejuízo da qualidade...
[não gosto dessa sensação de segregação embrulhada como presente]
- Ainda estamos lhes dando... não reclamem!
- Sim senhor! (diriam/dirão os escravos agradecidos)
Não analiso aqui o mérito, ou a qualidade da performance ou dos artistas, eu mesmo não pude aferir-lhes tais aspectos. O que me incomodou de fato, é que existem tão poucas oportunidades realmente democráticas de acesso à cultura, que um evento desses torna-se um momento de comoção, e não há a menor preocupação em fazer dele, um momento memorável.
- Desculpas... mas este tipo de presente, eu não gosto, eu não quero mais.
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