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Bolero de 4 com João Rafael Neto |
Final de tarde agradável em Salvador, temperatura amena, sol dourado, uma brisa e ao fundo a Baía de Todos os Santos, este era o cenário de Bolero de 4, espetáculo de dança executado por João Rafael Neto e um Bicicleta BMX no palco do Mirante dos Aflitos, sem dúvida alguma uma das propostas cênicas mais interessantes que eu assisti ultimamente.
A proposta é realmente simples, mas paradoxalmente há uma gama muito grande de elementos passíveis de leitura.
A priori, é importante ressaltar que Bolero de 4 dista e muito de uma estética circense, aqui o esforço é bastante "maquiado" para apresentar leveza, entrando em consonância com a obra musical tema do espetáculo, o Bolero de Ravel. Se na música do compositor francês há repetições temáticas, também há um trabalho análogo na coreografia deste espetáculo. Existe um clima de anacronismo estético absolutamente encantador nesse diálogo entre o erudito e a cultura urbana.
Mas há ainda mais coisas. Antes eu falei leveza, mas eu diria até que há um esforço antigravitacional na relação de Rafael com a BMX, são minutos inteiros em cima da bicicleta em que o bailarino teima em permanecer suspenso, quase que flutuando.
Outra percepção que tive, é a de que Rafael procurou se distanciar de uma tipo de dança com assepsia de movimentos, pelo contrário, há muita "sujeira" e até quedas em Bolero de 4, mesmo sendo uma leitura de dança contemporânea penso que isso está intrinsecamente ligado à uma abordagem mais street art.
O que disse para Rafael pessoalmente repito aqui: cara... isso me parece algo Novo. E ser Novo hoje em dia, já é bocado!!!
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